terça-feira, 8 de novembro de 2016

CAPITU CHEGOU!!! UMA PEQUENA CRÔNICA PARA OS QUE AMAM GATOS.

"Você nunca tem um gato, apenas recebe permissão para fazer parte da vida dele, o que naturalmente é um privilégio".(Beryl Reid, in A paixão por gatos)




Capitu chegou! Uma persa cinza, com 43 dias de existência. Menina serelepe, assanhada, mas  que já mostra claros sinais de ser intensamente amorosa. Toma-se de intimidade como se já fosse antiga na casa. Sobe na poltrona em que leio, passa sob o braço de apoio e, descaradamente, ocupa minha barriga, ameaçando escalar até a cabeça. 

Cheira minha barba e tenho que retirar a alpinista abusada, pois ameaça ocupar, indefinidamente, sem qualquer intenção de abandonar o local.
Não tem olhos de ressaca da personagem de Dom Casmurro, tão maliciosamente descritos por Machado de Assis... Seguindo a metáfora, diria que seus olhos lembram a maré cheia de um mar agitado e azul... 
Anda fuçando os lugares em que Chico costumava ficar. Seus esconderijos, quando queria ficar só, para curtir o silêncio felino e espreguiçar-se sem ser incomodado.
Não veio para substituir Chico. Não!  Chico tem a sua história.  A história que todo animal de estimação sabe construir junto ao seu dono, tornando-se imortal. E, em se tratando de um gato, a maneira como nos adaptamos aos seus hábitos, para merecer a sua confiança...
E a sua história, certamente, não se repetirá na novata que chega, ainda um mistério a ser revelado.
Os maneirismos de Chico serão sempre únicos e seus. 
Suas malandragens, seu temperamento sossegado, zen, olhos amarelos, que lembram o poente dos contos de fada, ou o céu de Van Gogh. Chico, em sua curta vida, foi um gato feliz. Recebeu muito amor, muitos cuidados e gozou a liberdade e a tranquilidade que foi possível oferecer a ele. Chico está vivo na minha memória...
Já Capitu, com seus olhos azuis, encantam como o céu em tardes mornas e tranquilas. 
O que mais impressiona nos felinos, e a sua atávica higiene. Uma bolinha de pelos que mal chegada, já identificou o lugar do seu sanitário, que para alcançá-lo ainda dá um pulinho. 
Fico admirado, embora saiba que é da natureza dos felinos, o instinto de apagar os rastros que possam ser identificados por algum predador. Encobre com a areia do sanitário, seus dejetos e urina. 
E já sabe onde está o seu alimento e a sua água.
Seu equipamento felino faz com que tenha trejeitos de caçadora, o que a torna muito engraçada, quando olhamos aquelas 200 ou 300 gramas de gato saltitando de lado, numa atitude de ameaça ou defesa... contra o nada! Um inimigo invisível, ou uma presa imaginária.
Interessante é que Capitu, faz com que eu reviva o Chico em minhas lembranças.  
O seu jeitinho de oferecer a barriga para ser acariciada, sua agilidade, sua ternura, seu desamparo (aparente!)... E suas implicâncias quando não quer ser incomodada.
Capitu  chegou! E trouxe o Chico. 

08 de novembro de 2016
m.americo