quarta-feira, 29 de junho de 2016

PERISPÍRITO

Perispírito


SUMÁRIO: 1. Introdução. 2. Conceito. 3. Denominações do Perispírito. 4. Origem do Perispírito. 5. Natureza e Constituição do Perispírito. 6. Propriedades do Perispírito. 7. Funções do Perispírito: 7.1. Organizador Biológico; 7.2. Sede da Memória; 7.3. Intermediário entre o Corpo e o Espírito; 7.4. Atuação nas Comunicações Mediúnicas. 8. Conclusão. 9. Bibliografia Consultada
1. INTRODUÇÃO
O objetivo deste estudo é buscar uma melhor compreensão do Perispírito, esse laboratório onde se processam mil trabalhos simultâneos, e onde está a chave para uma porção de problemas até agora insolúveis.
2. CONCEITO
1) Perispírito — Invólucro semi-material do Espírito. Nos encarnados, serve de laço intermediário entre o Espírito e a matéria; nos Espíritos errantes, constitui o corpo fluídico do Espírito. (Kardec, s. d. p., p. 374)
2) O Espírito é envolvido por uma substância que é vaporosa para os encarnados, mas ainda bastante grosseira para os desencarnados; suficientemente vaporosa, entretanto, para que ele possa elevar-se na atmosfera e transportar-se para onde quiser. Como a semente de um fruto é envolvida pelo perisperma, o Espírito propriamente dito é revestido de um envoltório que, por comparação, se pode chamar Perispírito. (Kardec, 1995, pergunta 93).
3) O Perispírito é o Princípio intermediário entre a matéria e o Espírito, cuja finalidade é tríplice: — manter indestrutível e intacta a individualidade; — servir de substrato ao corpo físico, durante encarnação ; — constituir o laço de união entre o Espírito e o corpo físico, para a transmissão recíproca das sensações de um e das ordens do outro. (Freire, 1992, p. 29 e 30) 
4) O Espírito Emmanuel, designa o Perispírito como “campo eletro-magnético, em circuito fechado, composto de gases rarefeitos” (gases que se desfazem ou diminuem de intensidade).
3. DENOMINAÇÕES DO PERISPÍRITO
Há inúmeras, em várias épocas, conforme a Filosofia: nas eras primitivas, Corpo-Sombra; para os indianos, Liga Sharira; no antigo Egito, ; para a Teosofia, Corpo Astral; segundo Paulo de Tarso, Corpo Celeste; para a Filosofia do Século XIX, Mediador Plástico; e, finalmente para o Espiritismo, é o Perispírito
4. ORIGEM DO PERISPÍRITO
A origem do perispírito está no fluido universal. O ponto de partida do fluido universal é a pureza absoluta, da qual nada nos pode dar idéia; o ponto oposto é a sua transformação em matéria tangível, adquirindo diversos graus de condensação. O perispírito é uma dessas transformações, mas sob a forma de matéria quintessenciada, ou seja, não perceptível aos olhos carnais. Assim, o perispírito, ou corpo fluídico dos Espíritos, é um dos mais importantes produtos do fluido cósmico; é uma condensação desse fluido em torno de um foco de inteligência ou alma. O corpo carnal também tem seu princípio de origem nesse mesmo fluido condensado e transformado em matéria tangível. No perispírito, a transformação molecular se opera diferentemente, porquanto o fluido conserva a sua imponderabilidade e suas qualidades etéreas. A natureza do envoltório fluídico está sempre em relação com o grau de adiantamento moral do Espírito. (Kardec, 1975, cap. XIV, item 7)
5. NATUREZA E CONSTITUIÇÃO DO PERISPÍRITO
A natureza do perispírito está sempre em relação com o grau de adiantamento moral do Espírito. Os Espíritos inferiores não podem mudar de envoltório a seu bel-prazer, pelo que não podem passar, à vontade de um mundo para o outro. Os Espíritos superiores, ao contrário, podem vir aos mundos inferiores, e, até, encarnar neles. Quando o Espírito encarna em um globo, ele extrai do fluido cósmico desse globo os elementos necessários para a formação do seu perispírito. Assim, conforme seja mais ou menos depurado o Espírito, seu perispírito se formará das partes mais puras ou das mais grosseiras do fluido peculiar ao mundo onde ele encarna. Resulta disso que a constituição íntima do perispírito não é idêntica em todos os Espíritos encarnados e desencarnados que povoam a Terra ou o espaço que a circunda. O mesmo já não se dá com o corpo carnal, que se forma dos mesmos elementos, qualquer que seja a superioridade ou inferioridade do Espírito. (Kardec, 1975, cap. XIV, item 9)
6. PROPRIEDADES DO PERISPÍRITO
Flexibilidade e expansibilidade são as duas principais propriedades do perispírito. O perispírito não está preso ao corpo, sem poder desprender-se. Em Obras Póstumas, no capítulo sobre manifestações dos Espíritos, 1.ª parte, item 11, lemos: "O Perispírito não está encerrado nos limites do corpo como numa caixa. É expansível por sua natureza fluídica; irradia-se e forma, em torno do corpo, uma espécie de atmosfera que o pensamento e a força de vontade podem ampliar mais ou menos". Baseando-se neste texto, o Dr. Ari Lex acha que não há necessidade de usarmos a palavra "aura". O termo atmosfera fluídica seria uma noção mais simples e cristalina.
7. FUNÇÕES DO PERISPÍRITO
7.1. ORGANIZADOR BIOLÓGICO
O perispírito é o molde fluídico, a "idéia diretriz" , o "esqueleto astral" ou o "modelo organizador biológico" do corpo carnal.
Sabemos que o Espírito acompanhado de seu perispírito começa a se ligar ao corpo físico do reencarnante desde o começo da vida embrionária. Como esboço fluídico que é, o Perispírito vai orientando a divisão celular, ou seja, a sua união com o princípio vito-material do germe. Como campo eletromagnético que é, pode, por isso, ser comparado ao campo do ímã, quando orienta a disposição da limalha de ferro. (Lex, 1993, p. 49 a 54)
7.2. SEDE DA MEMÓRIA 
Em O Livro dos Espíritos, Allan Kardec toca neste assunto muito de passagem. Quem o divulgou, com provas e detalhes, foi Gabriel Delanne, nos livros "Reencarnação" e "Evolução Anímica".
Quem pensa, ama, deseja, resolve é o Espírito. Essas funções mais nobres não são do Perispírito. Ele é apenas uma biblioteca, um arquivo do qual o Espírito se serve para buscar dados. É o Perispírito quem armazena, registra, conserva todas as percepções, todas as volições e idéias da alma. É o guardião fiel, o acervo imperecível do nosso passado. Em sua substância incorruptível, fixaram-se as leis do nosso desenvolvimento, tonando-o., por excelência, o conservador de nossa personalidade, por isso, é que "é nele que reside a memória". (Lex, 1993, p. 54 a 57)
7.3. INTERMEDIÁRIO ENTRE O CORPO E O ESPÍRITO
O Perispírito é órgão transmissor, funcionando como um transformador elétrico, no qual a corrente entra com certa voltagem e sai com voltagem diferente. O corpo recebe a impressão, o Perispírito a transmite e o Espírito, sensível e inteligente, a recebe, analisa e incorpora. Mas podemos ter um trajeto inverso. Quando há iniciativa que vem do Espírito, como ordem para o corpo executar, o Perispírito a transmite para o sistema nervoso, que a define como um impulso motor. Essa ordem vai, através dos nervos motores, aos músculos, que se contraem, obedecendo à ordem recebida. Surgem, assim, os movimentos: locomoção, fala, gestos da mímica, canto, salto etc. Alguns movimentos são automáticos, como os da respiração, do bombeamento do sangue pelo coração e, mais profundamente inconscientes, as contrações peristálticas do intestino. Também, nesse caso, a atuação do Perispírito é inegável. (Lex, 1993, p. 57 a 61)
7.4. ATUAÇÃO NAS COMUNICAÇÕES MEDIÚNICAS
As bilocações dos Espíritos são os fatos marcantes que atestam o desprendimento do Perispírito. Kardec, em Obras Póstumas, diz: "Fica, pois, demonstrado que uma pessoa viva pode aparecer simultaneamente em dois pontos diferentes; num, com o corpo real; em outro, com o Perispírito condensado, momentaneamente, sob a aparência de suas formas materiais". (Lex, 1993, p. 62 a 74)
Em todo o ato mediúnico, o Espírito aproxima-se do médium e o envolve nas suas vibrações espirituais. Essas vibrações irradiam-se do seu corpo espiritual, atingindo o corpo espiritual do médium. A esse toque vibratório semelhante a um brando choque elétrico reage o perispírito do médium.
8. CONCLUSÃO
O Perispírito é a chapa fotográfica de nosso passivo espiritual. Assim, nesta atual encarnação, é importante praticarmos incessantemente o bem, a fim de que possamos aumentar o saldo positivo em nossa contabilidade de acertos e erros.
9. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
FREIRE, A. J. Ciência e Espiritismoda Sabedoria Antiga à Época Contemporânea. 3. ed., Rio de Janeiro, FEB, 1992.
KARDEC, A. A Gênese - Os Milagres e as Predições Segundo o Espiritismo. 17. ed., Rio de Janeiro, FEB, 1975.
KARDEC, A. O Livro dos Espíritos. 8. ed., São Paulo, FEESP, 1995.
KARDEC, A. O Livro dos Médiuns ou Guia dos Médiuns e dos Doutrinadores. São Paulo, Lake, s.d.p.
KARDEC, A. Obras Póstumas. 15. ed., Rio de Janeiro, FEB, 1975.
LEX, A. Do Sistema Nervos à Mediunidade. São Paulo, FEESP, 1993.
29 de junho de 2016
in Sergio Biagi Gregorio

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